Frank Lloyd Wright, arquitecto mundialmente conhecido por ser pioneiro na arquitectura moderna e por ter realizado obras significativas como a Casa da Cascata e o Museu Guggenheim de Nova York interessava-se sobre a cultura Oriental.
Não se sabe se estudou Feng Shui, nem existe registos que as suas obras eram produzidas com esse conhecimento ancestral. Sabe-se que o arquitecto teve influências vindas do tio materno, teólogo defensor da religião oriental e que se inspirava nas obras de Kakuzo Okakura, japonês que se instalou nos Estados Unidos nos finais do séc. XIX. Com estas bases, revolucionou a arquitectura moderna no início do séc. XX, criando um estilo único e fundando a Arquitetura Orgânica, propondo um alinhamento entre a natureza e formas agradáveis, confortáveis e fluídas para o ser humano. A arquitectura de Wright destacava cada elemento e aspecto - forma, cor, textura, odor – por si só. Os materiais comunicavam uns com os outros, relacionando-se sem se misturarem. O propósito era permitir que cada elemento fosse visto e experimentado individualmente, espressando o que é. Na unidade do edifício, todos os componentes estão ativos, a essência de cada material destaca-se por si. A madeira não é pintada, porque a tinta esconderia o seu elemento "Árvore", a sua cor, o seu cheiro, a sua textura. Estes princípios fazem parte do Feng Shui, harmonizando o espaço construído com o Homem e com a Natureza. Se o Arquitecto conhecia a filosofia oriental e a sua arquitectura, certamente o influenciou, desconhece-se é a profundidade do seu conhecimento nesta matéria, nas técnicas de Feng Shui Clássico.
Wright tem diversas construções em tijolo, onde a retangularidade do tijolo é revelada de modo que cada um seja lido como um elemento claro. Um edifício Wright não usa tijolo, ele “é tijolo”, invocando o elemento "Solo". Mesmo o próprio padrão resultante é subtil, sem dominar. Para o arquitecto, o uso do padrão servia para revelar o espaço. O espaço, o nada, é que era para ele importante e dominante.
Na sua casa no Arizona ele tinha fixado o seguinte poema pertencente a Tao Te Ching, livro fundamental do Taoismo e Metafísica:
Uma roda? Trinta raios que rodeiam um círculo.
Contudo, esta forma vazia tem uma grande utilidade.
Uma tigela? Barro que se gira sobre uma roda de oleiro.
Contudo, o vazio, mesmo que seja útil.
Uma casa? Paredes entrecortadas de janelas e de portas.
Contudo, é o vazio no interior que preenchemos
e que a torna útil.
Portanto, tirai proveito daquilo que está lá,
Servindo-nos daquilo que lá não está.
Este poema leva à questão base do Feng Shui e da filosofia Oriental: o uso e preenchimento do que entendemos como vazio, onde flui o Chi!
O Tao é a imensidão do vazio!
Podemos aí abastecer-nos constantemente, sem que ele jamais falte.
É um abismo sem fundo
Mais velho do que tudo aquilo que é.
O Tao arredonda ângulos agudos;
Ele adoça a luz demasiado forte;
Ele impregna todo o nosso Universo.
Na água mais turva o Tao mantém-se cristalino;
Não sei de onde ele provém,
Mas parece-me que ele já existia antes de Deus.
(poemas pertencentes ao Tao Te Ching, escrito por Lao Tsé entre 350 e 250 A.C., composto por 81 poemas)