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Paula Alexandra Oliveira
23 Junho 2020
Acredito que tempos como os que estamos a viver colocam-nos perante os nossos maiores desafios de reconhecimento sobre as escolhas que estamos a fazer na forma como vivemos a nossa vida.
Uma das frases que mais ouço sair da boca dos praticantes que todos os anos nos chegam às aulas na Escola Nacional de Feng Shui é "tenho vontade de fazer este curso há muitos anos e finalmente consegui"!
O que é que nos impede de seguir a voz que nos chama? Será que muitos de nós hipotecam os seus sonhos e anseios em troca de alguma (pouca ou por vezes muita) energia monetária, de reconhecimento social ou amor emocional que nos permite sobreviver a um cotidiano de mera aceitação?
Não podemos negar que a maior parte dos seres humanos trabalham dezenas de horas por dia, por vezes em profissões que nem escolheram; ou muitas vezes até as escolhemos mas escolhemos com força do ego porque ele nos deu a ilusão que esse percursso traria rapidamente o que pensamos que desejamos para depois, um dia, mais tarde, com mais “tempo”, podermos fazer aquilo que sempre nos chamou mas que estávamos demasiado ocupados para ouvir.
A verdade é que esse tempo nunca mais chega porque o tempo linear esgota-se com muita facilidade, apenas o tempo circular nos pode apoiar nas nossas decisões.
E, de repente (ou não), a nossa forma de viver, as nossas ações que têm impacto direto na realidade exterior e, por consequência no planeta, traz-nos uma pandemia que estanca a nossa vida como a conhecíamos.
E acontece a todos a nível mundial.
De repente deixamos de ter a possibilidade de viver com liberdade os pequenos escapes que nos permitem muitas vezes aguentar a nossa realidade manifestada. Temos atividades sociais condicionadas, viagens condicionadas, diversão exterior condicionada. Somos forçados a estar em casa e olhar para o que fomos construindo. Somos forçados a olhar para a nossa casa e ver o quanto ela reflete mais ou menos a pandemia que se vive no exterior do planeta. Somos forçados a olhar para nós e para as nossas relações e perceber se têm força para superar a distância ou a demasiada proximidade. Somos forçados a permanecer e a perguntar-nos se nos amamos realmente, se amamos a vida em que vivemos e se esse amor é suficiente para continuarmos na travessia. E, por vezes não é! Olhamos para o lado e vemos nas capas de revista pessoas bonitas, bem-sucedidas, sorridentes e, de um momento para o outro, a luz apaga-se e deixamos de as ver o que nos deixa a todos a pensar no que, afinal, se consegue esconder atrás de um sorriso fácil.
E essa pessoa pode ser um estranho ou um amigo. E acorda em nós a grande questão:
O que estamos todos, afinal,  aqui a fazer?
No último artigo falava-vos da perspetiva da Metafisica Chinesa sobre os momentos que estamos a viver ou a observar. Neste artigo quero falar-vos de outro grande desafio que o excesso de energia Fogo pode impactar em nós: o desafio dos problemas mentais e emocionais.
Não tenho competência para vos falar sobre a mente e emoções sob uma perspetiva clinica, apenas vos posso falar como SER humano e esperar que me leiam com as ferramentas que temos dentro de nós e que soubemos desenvolver como Seres Humanos a evoluir à milhares de anos num planeta que tem uma boa parte de perigo e hostilidade.
Na minha perspetiva, o grande desafio que temos à nossa frente não são os vírus que sempre existiram e que nos podem fazer adoecer; o desafio maior é uma mente que se acha superior e distanciada do ambiente onde vive e acha que pode controlar esse ambiente de uma forma externa.
Na minha modesta perspetiva, tal não é possível. A única forma segura e adequada de nós conseguirmos superar os desafios que, de uma forma evidente estão à nossa frente na estrada é o caminho da autorresponsabilização.
Para vos explicar o que quero dizer tenho de vos falar um pouco do meu próprio percurso e perdoem-me a arrogância, mas prometo ser breve.
Tenho vivido estes últimos tempos com uma atitude de cuidado e atenção próprias que o momento exige, mas, confesso-me aqui, perfeitamente tranquila com o movimento e o fluxo que a vida me está a convidar a seguir.
Acredito que isto acontece porque há bastante tempo tomei a decisão de viver com a maior autenticidade que me seja possível. Disse não a opções de vida ditas “normais” como a constituição de uma família minha. Em vez de viajar acompanhada nos caminhos exteriores decidi viajar sozinha para dentro. Nem todos temos de nos afastar de outros para nos encontrar-mos a nós, mas, para mim tal foi necessário. E é desafiante fazermos estas escolhas. Há quem não entenda, me chame de egoísta, de estranha, de complicada e que tenho mau feitio. São perspetivas que outros vêm de outra forma. E nunca vamos conseguir agradar a todos.
No entanto, aprendi no caminho que é muito importante para a nossa saúde que nos agrademos a nós! 
Uma coisa é certa: seguir o chamamento da minha voz interior trouxe-me a um lugar onde me encontrei mais EU e por isso mais acompanhada do que quando estou no meio da multidão, mas, também mais disponível para os outros porque estou mais disponível para mim.  E encontrei uma família bem maior, melhor  uma tribo bem maior do que a que teria encontrado se tivesse feito outras escolhas. E é uma família que  está, sempre em contínua e permanente mudança, como a vida, afinal.
Decidi também neste meu percurso interior dedicar toda a minha energia monetária a aprender com vozes do passado que deixaram herança segura. Por isso aos 26 anos decidi vender tudo o que tinha, dar um passo atrás no que de exterior tinha conquistado e fui trabalhar as minhas relações desafiantes com familiares ou com o trabalho material que a vida me trouxe no caminho. E investi energia e tempo em adquirir conhecimento e sonhar a manifestação desse conhecimento. Hoje encontro-me em movimento, sempre, mas mais próxima desse sonho.
Por isso deixo estas palavras para vos inspirar a  que acreditem no que vos move e no que vos faz feliz.
Nesse percurso encontrei a metafisica chinesa e comecei os meus estudos há 16 anos na arte do Vento e da Água. Aí encontrei várias vozes do passado como um senhor de quem vos quero falar aqui: George Ohsawa, o fundador da Macrobiótica.
No início do curso, logo nas primeiras aulas recebi os seus seis princípios para a aprendizagem e desenvolvimento pessoal. Hoje transmito-os a todos os que nos procuram na Escola Nacional de Feng Shu, logo no primeiro dia do curso elementar e com todo o entusiasmo que me é possível porque são estes princípios para os quais me volto sempre. São a eles que me seguro quando a vida me traz a sua qualidade de sombra, tão necessária como a luz mas, pelo negro da sua cor, me acorda o medo que tolhe o meu movimento.
Porque me ajudaram a mim, partilho-os aqui convosco porque acredito que a sua prática é extraordináriamente util no equilibrio da nossa mente e emoções. São eles:
Autorresponsabilidade
Autorreflexão
Um grão, dez mil grãos
Non-credo
Respeito por professores (e antepassados)
Atuar com justiça e gratidão
A autorresponsabilidade ensina-nos que tudo o que nos acontece surge pela consequência de uma ação, seja isto mais consciente em nós ou não. Aplicando isto aos momentos desafiantes que assistimos onde a preocupação principal é o controlo da doença, eu afirmo que a nossa responsabilidade maior devia ser não o controlo da doença, mas a manifestação da saúde. Nós adoecemos porque temos saúde. A doença é apenas uma forma da nossa realidade física transmutar uma ação ou continuidade de ações que são desequilibradas. Fortalecendo o meu sistema imunitário, o meu ambiente interno com conhecimento que equilibre e harmonize a minha mente e alimentação e hábitos de vida mais conscientes e saudáveis eu posso navegar as ondas da vida com maior fluidez e harmonia. Não significa que não adoeça ou que vá viver para sempre. Significa que aceito o meu lugar na ordem de todas as coisas, porque assim como nascemos, um dia teremos de partir. E isso não é motivo de tristeza, é lei da vida a manifestar-se!
E partilho aqui a definição da Macrobiótica de saúde: um organismo saudável é um organismo que não perde a capacidade de se adaptar!
A autorreflexão permite-me trazer ao consciente o impacto das minhas escolhas na minha vida pessoal e na dos outros;
Um grão dez mil grãos é dos princípios mais bonitos que já ouvi e que nos lembra que a vida e a terra são generosas. Quando planto um grão ela devolve-me em abundância e quanto melhor e mais consciente for a minha sementeira, respeitando os ciclos certos e reconhecendo o terreno, melhor serão os meus resultados.
Neste forma de ver e viver a vida que lugar há para atitudes de superação em relação aos outros ou de competição? Decerto o leitor também teve avós ou alguém que usava o ditado: “o que é nosso a nós vem”. E vem porque é lei! atrairmos o que está no nosso campo de atração. Melhorando o campo melhor a qualidade do que atraímos.
Non Credo é também um dos meus preferidos porque me remete para um dos meus poemas favoritos de sempre: o Cântico Negro, do José Régio. “Se ao que busco saber nenhum de vós responde, porque me repetis: vem por aqui? (…) só vou por onde me levam os meus próprios passos”. E isto é, para mim, mesmo assim: por mais correta que nos pareça uma verdade dita por alguém, só a podemos chamar de nossa quando a tiramos da sua condição de teoria e a tornamos a nossa prática. Como fazemos isso é escolha nossa. Somos quem somos, podemos observar outros e aprender com eles, mas cada um de nós tem de encontrar a sua própria voz e a sua própria manifestação.
Respeito pelos professores e antepassados é uma premissa quase desconhecida no ocidente. Mas o respeito pela história e pelo nosso passado é a única atitude que nos permite romper com padrões que não servem a nossa melhor evolução. E é importante dar-mos aos que nos ensinam todos os dias o lugar de reverência por nos mostrarem partes de nós que, de outra forma desconhecíamos.
Finalmente, atuar com justiça e gratidão talvez seja dos mais desafiantes para mim porque significa estar grato por tudo, mesmo pelo que nos magoa. Já diz o ditado: o que arde cura e o que aperta segura.
Acredito queridos leitores que nos seguem e que partilham mais ou menos da nossa visão que hoje, mais do que nunca temos de nos voltar para uma vivência integrada do TODO que somos. Isso significa assumir de forma clara quem conseguimos ser no momento presente abrindo a possibilidade para ir mais além nessa manifestação. Para tal precisamos de nos responsabilizar verdadeiramente pelas nossas ações e aprender com a lições do tempo circular de forma a potenciar a nossa evolução e sobrevivência harmoniosa neste lindo planeta que nos acolhe. Para tal, urge ouvir os nossos maiores chamamentos, urge aprender, urge amar, urge viver e não apenas sobreviver!
Aprender e praticar continua a ser a melhor maneira de superarmos os nossos desafios de qualquer tipo. Melhor conhecimento sobre as leis da vida permite-nos com maior tranquilidade soltarmos o controlo do Ego, tão necessário, mas que precisa de ser educado e entregar-mos a nossa mente às leis maiores que nos permitirão manifestar para nós e para o planeta uma realidade mais saudável, harmoniosa e pacifica.
Não nos podemos esquecer que, assim como é dentro, assim será fora. Por isso, só uma mente e emoções pacificadas poderão manifestar uma realidade saudável e equilibrada.
Lembro aqui que a um de julho reabrem as inscrições para o novo curso elementar de Feng Shui em Lisboa e Porto. A 19 de julho temos uma oficina de introdução a esta arte que abre a possibilidade para assistir a um curso totalmente por videoconferência. Também de 8 a 15 de agosto vamos promover um campo de férias na zona de São Teotónio, no Alentejo, com todas as condições de segurança. Num ambiente agradável e com boa alimentação vamos procurar viver pelos princípios de harmonia, solidariedade e amorosidade que nos tornam mais humanos e como tal, mais saudáveis.
Esperamos por vós e, até lá votos de boa saúde e tudo a fluir~~~
 
 

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