O tema dos relacionamentos é um dos Minotauros do herói humano que navega nos mares da existência. Neles expressamos toda a quantidade de conflitos eternos que perpetuamos tal qual disco riscado enquanto não nos debruçamos para desenvolver o primeiro e mais importante relacionamento que temos: o relacionamento connosco e o reconhecimento do que verdadeiramente queremos para nós!
Nas consultas de Feng Shui este é, sem dúvida, um dos temas mais debatidos, pedidos e trabalhados. É também aquele que, simbolicamente, mais conseguimos aferir pela observação do espaço exterior da envolvente da casa, mas também pela observação da planta e suas falhas e, por último, pela disposição e vivência do espaço interior.
No Feng Shui dito mais intuitivo podemos analisar a presença ou ausência dos 4 animais celestiais. O simbolismo na forma exterior do Tigre Branco, a envolvente à direita da casa, (topologia de terreno ou outra construção ligeiramente mais baixa que a casa em observação) fala-nos do princípio feminino, da capacidade de defender a família, de materializar os empreendimentos. Numa casa sem Tigre ou com ele diminuído enfraquece a presença da mulher, ou sendo casas onde só vivem mulheres, poderão estar a exacerbar o seu lado masculino. Esta manifestação torna-se ainda mais evidente se o Dragão verde, representado pela envolvente à esquerda da casa, que traz o princípio masculino e é responsável pela reflexão, foco e tomada de decisões que se manifesta por uma topologia natural (terreno, árvores) ou virtual (prédios) mais altos que a casa em observação estiver muito pronunciado. Uma casa sem Dragão pode manifestar uma habitação onde não há espaço para homens, ou para o potencial masculino. Um Tigre e Dragão equilibrados, simbolizam um potencial para relacionamentos mais felizes, connosco e com os outros.
Da mesma forma, se o foco da nossa observação se centrar no interior das nossas casas, aqui também fica muito claro sobre a luz do entendimento metafísico, o fundamento das nossas escolhas e o momento que estamos a viver. Se eu coloco no meu quarto de dormir uma mesa de apoio do lado esquerdo e nada do lado direito, estou a favorecer o meu lado yang, mais racional e capacidade de focar objetivos, em detrimento do meu lado mais yin, de acolhimento, materialização e linguagem mais criativa e afetiva; se, pelo contrário, estou a favorecer com mobiliario o meu lado direito na cama, estou a potenciar o meu pensamento criativo, simbólico, o lado mais feminino, mas, também a materialização. Apoiar um lado em detrimento de outro, pode ser indicador de que, naquele momento em particular, não há espaço para a presença de um relacionamento mais íntimo no círculo pessoal.
Muitos dos meus clientes refugiam-se na desculpa de que não há espaço para dois apoios de cama, ou é necessário colocar a cama de um filho que chega, ou os armários são pequenos pelo que não é possível ter todas as roupas do casal no mesmo quarto. Lamento, mas, sobre isto tenho a dizer: escolhas, escolhas, escolhas! Tudo se resume ao que eu quero manifestar no momento. Se, porque nasce um filho, há necessidade de retirar espaço ao companheiro(a) no quarto, deixando este(a) de ter sequer um apoio para pousar uns óculos ou um copo de água, então a afirmação deste casal pode ser que neste momento a relação íntima está em segundo plano. E pode até estar tudo bem com isso, mas se esta escolha for prolongada, a relação vai-se ressentir. Roupas do casal podem e devem estar no mesmo quarto; em vez da mulher ou o homem ocuparem os lugares de arrumação com tudo o que possuem de seu, ao ponto do outro ter de colocar a sua roupa num roupeiro de outro quarto, o melhor será cada um selecionar algumas peças para manter no quarto e, o resto, guardam os dois num outro roupeiro. Assim há, verdadeiramente, espaço para os dois no quarto de casal e, por conseguinte, no espaço da relação.
Isto são pequenos exemplos de como a casa expressa os seus relacionamentos, e esta linguagem não é só passível de ser decifrada no Feng Shui Intuitivo. Também o clássico nos fala de relações. Numa apreciação de Xuan Kong Fei Xin ou Estrelas Voadoras fazemos um mapa que demonstra em cada setor da habitação a presença de duas combinações de estrelas, ou influências energéticas: a estrela da água e a estrela da montanha. Mas a interpretação dessas duas estrelas que se posicionam em cada setor segundo a linguagem do princípio das 5 transformações dá-nos uma mensagem sobre relacionamentos, em particular pela observação da combinação que se encontra no quarto de dormir de um casal. Assim, por exemplo, uma combinação 2,8 pode dar a mensagem que este casal tem tendência para não cultivar a paixão na relação, e impera aqui o companheirismo ou a amizade; já, por exemplo, a combinação 7,9 pode dar relações onde o prazer desmedido é mais importante que o cultivar de uma relação, que se quer completa. Também configurações de duas estrelas yin na porta da entrada da habitação, ou quarto de dormir de uma mulher solteira, podem indicar que aquela porta não está disponível para a entrada do masculino nas suas vidas!
É claro que há sempre maneira de contornar a oposição da nossa sorte da terra, no que toca aos relacionamentos e outras áreas da nossa vida. E a primeira será sempre: conhecer -ME!
Já dizia o poeta “a culpa não está nas estrelas, mas em nós mesmos”.
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Embora seja um fato inegável que somos seres relacionais, que precisamos do outro para nos dar a perspetiva total da dualidade, a verdade é que numa experiência material em que a única constante é a mudança, o único ser com quem chegamos ao mundo e com quem partimos é com a nossa própria consciência e, só ela pode realmente cocriar relacionamentos mais saudáveis e completos.
Numa era de conhecimento, a ignorância é uma escolha. Assim, deixo o meu desejo sincero de que façam boas escolhas!